Alef Felix 0 Report post Posted May 5, 2017 Queria saber a opinião de vocês sobre esse assunto que ainda existe muito preconceito. Ouvimos, tocamos, lemos sobre música brasileira, jazz, música erudita, entre outras, e dizemos que o que não está dentro de toda essa abordagem, no que tange informação musical, não é boa música. Eu, por boa vontade, quero propagar o que também gosto de ouvir (estilos citados acima), porém, se é necessário um referencial de julgamento histórico para compreender letras de bossa-nova, as progressões harmônicas do jazz, a dinâmica, mudança de timbre e abordagens de interpretação do erudito. O que podem me dizer sobre o tópico? Share this post Link to post Share on other sites
Eugenio 0 Report post Posted May 5, 2017 Alef, seja bem-vindo. Excelente tópico. Eu não consigo jamais pensar em nenhuma manifestação artística ou cultura sem um contexto. Não existe critério absoluto de julgamento estético. Dizer que a bossa-nova tinha letras bobas é deixar de lado que eles queriam, de fato, fazer algo leve e descontraído, em contraste com as letras dramáticas que dominavam as canções da época. O que infelizmente domina todos os níveis de produção cultural é o senso de segregação que acaba se manifestando em comentários negativos. No fundo, isso não é muito diferente da história do "meu time joga melhor do que o seu". No esporte isso pode até fazer algum sentido, mas em se tratando de produção musical, não vejo como argumentar que só se deve ouvir certos tipos de música, ou que o resto é lixo. O que domina o consumo de qualquer manifestação cultural é o aspecto afetivo. É o quanto aquela manifestação consegue mexer com as suas necessidades emocionais e intelectuais. Share this post Link to post Share on other sites
adrianoviolonista 0 Report post Posted May 6, 2017 Olá, concordo com o que Eugenio diz. Gostaria apenas de acrescentar que a mídia e a propaganda de massa acaba moldando o gosto musical. Se determinado artista paga para tocar toda semana no Faustão, ele vai fazer o gosto de muita gente, embora seja de qualidade duvidosa. Diferente da cultura popular que é algo mais espontâneo... Share this post Link to post Share on other sites
Dr.Pacheco 0 Report post Posted May 8, 2017 Quote O que infelizmente domina todos os níveis de produção cultural é o senso de segregação que acaba se manifestando em comentários negativos. Concordo plenamente com o Eugenio. Assim que tiver tempo escrevo mais detalhadamente. Porém, um dos maiores problemas nesse debate é próprio músico. Existe uma reprodução de determinados valores que já são, em parte, defasados. Mesmo assim, eles continuam a se perpetuar. Share this post Link to post Share on other sites
Eugenio 0 Report post Posted May 8, 2017 E esse senso de segregação independe de classe social ou nível educacional, tanto o artista consagrado quanto o analfabeto anônimo podem compartilhar o mesmo tipo de atitude "anti" alguma coisa. Música é parte da formação de uma identidade cultural. Se você consegue tocar de primeira ou precisa estudar 8h por dia durante 6 meses pra conseguir tocar, isso por si só não é parâmetro de julgamento de valor. O valor acaba sendo dado pela continuidade do interesse pela peça ou estilo ao longo do tempo. E interesse não está relacionado a estudar o assunto formalmente, não há necessidade de envolver a academia nisso. Share this post Link to post Share on other sites
canduta 0 Report post Posted May 10, 2017 O grande problema aí, para mim, é que nos tempos bicudos em que vivemos, só há espaço para o tal entretenimento. As rádios, de uma maneira geral, as TVs, grandes formadoras de opinião, quase não tocam, por exemplo, Tom e Chico, Pixinguinha e Jacob. Num mundo ideal, deveria haver espaço para o Michel Teló e para o Garoto. Quando se acha que arte, seja qual for, é só entretenimento, o mundo fica muito mais pobre. Existem opções muito interessantes, como o Spotify e o Deezer, onde a coisa é mais democrática, e você encontra de tudo, mas quantas pessoas tem o hábito de usar? E muitas, quando usam, fazem como na TV paga, onde existem centenas de canais mas o povo liga a TV e coloca na maldita Globo. Share this post Link to post Share on other sites
Marcosviolao 0 Report post Posted May 14, 2017 On 10/05/2017 at 10:24 AM, canduta said: O grande problema aí, para mim, é que nos tempos bicudos em que vivemos, só há espaço para o tal entretenimento. As rádios, de uma maneira geral, as TVs, grandes formadoras de opinião, quase não tocam, por exemplo, Tom e Chico, Pixinguinha e Jacob. Num mundo ideal, deveria haver espaço para o Michel Teló e para o Garoto. Quando se acha que arte, seja qual for, é só entretenimento, o mundo fica muito mais pobre. Existem opções muito interessantes, como o Spotify e o Deezer, onde a coisa é mais democrática, e você encontra de tudo, mas quantas pessoas tem o hábito de usar? E muitas, quando usam, fazem como na TV paga, onde existem centenas de canais mas o povo liga a TV e coloca na maldita Globo. Assino embaixo, xará. Apesar da mídia direcionar um estilo, hoje vivemos uma época mais democrática. Nao precisamos da TV, todo mundo sabe que no YouTube encontramos tudo. Share this post Link to post Share on other sites
Eugenio 0 Report post Posted May 17, 2017 A Internet abriu os canais pra muita gente e o YouTube realmente mudou tudo. Por outro lado, talvez tenha ficado mais difícil fazer dinheiro. Hoje todo mundo quer livro, CD e partitura de graça. Só sobrou pagar o ingresso do show e aula particular. Share this post Link to post Share on other sites
canduta 0 Report post Posted May 18, 2017 14 hours ago, Eugenio said: A Internet abriu os canais pra muita gente e o YouTube realmente mudou tudo. Por outro lado, talvez tenha ficado mais difícil fazer dinheiro. Hoje todo mundo quer livro, CD e partitura de graça. Só sobrou pagar o ingresso do show e aula particular. Isso é verdade! Mas mesmo assim as possibilidades são imensas. Share this post Link to post Share on other sites
leomoreira 0 Report post Posted June 8, 2017 On 2017-5-17 at 4:26 PM, Eugenio said: A Internet abriu os canais pra muita gente e o YouTube realmente mudou tudo. Por outro lado, talvez tenha ficado mais difícil fazer dinheiro. Hoje todo mundo quer livro, CD e partitura de graça. Só sobrou pagar o ingresso do show e aula particular. Ou seja, a grana continua concentrada no entretenimento. Sinal de que a democratização por si só e o enfraquecimento gradativo da mídia aberta ainda não são suficientes para tornar o meio musical mais justo. Não se recebe para tocar Garoto e e´ possível ficar milionário tocando Michel Teló. Share this post Link to post Share on other sites